Geopolítica olímpica
GEOPOLÍTICA OLÍMPICA
Os países desenvolvidos, que oferecem bom nível de vida à população, dominam a história das Olimpíadas
Por Paulo Zocchi
egundo o ideal olímpico, as nações reúnem-se, a cada quatro anos, para celebrar uma disputa esportiva em pé de igualdade. O símbolo das Olimpíadas exprime essa idéia: cinco argolas coloridas e de tamanho idêntico representam os cinco continentes. No mundo real, porém, os países e os atletas levam para as competições as diferentes realidades e as desigualdades que marcam o mundo contemporâneo. Afinal, como regra, a prática de esportes está ligada a um bom padrão de vida – e isso é ainda mais verdadeiro quando se fala dos atletas de alto nível. Não por acaso, a maior potência econômica do mundo moderno, os Estados Unidos (EUA), é também a grande potência olímpica. Veja a discrepância: em mais de um século, os atuais 53 países africanos obtiveram apenas 277 medalhas, menos do que os EUA somaram nas últimas três Olimpíadas. Para medir a qualidade de vida dos países, os economistas criaram o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (veja na pág. 19). A comparação entre o IDH e o ranking de medalhas que publicamos na página ao lado mostra que, entre as 32 nações que mais obtiveram conquistas olímpicas, apenas duas não registram alto IDH: China e Turquia. Já na ponta de baixo do IDH, os três países mais pobres – Serra Leoa, Burkina Fasso e Guiné-Bissau – jamais conseguiram colocar um atleta no pódio. Se o progresso favorece o desenvolvimento do esporte, há muitos outros fatores que contam no desempenho olímpico, como o tamanho da população nacional (caso da China) e o domínio de um esporte (como a luta romana, no caso dos turcos). O Brasil, que só faltou a uma Olimpíada desde 1920 (a de
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ATUALIDADES VESTIBULAR 1º SEMESTRE 2008
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1928), soma uma grande população e a presença em vários esportes (já obteve medalhas em 11 deles), mas ainda falta ampliar a prática esportiva no país. Os promotores dos Jogos