GEOPOLÍTICA DO BRASIL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Shiguenoli Miyamoto*
Deptº de Ciência Política do IFCH/UNICAMP
No âmbito estritamente doméstico os objetivos geopolíticos do Brasil estiveram sempre voltados para o tema da integração nacional, envolvendo, portanto, as melhores formas de ocupação do território, abordando-se itens como a mudança da Capital Federal, a proteção das fronteiras terrestres, os meios de comunicação viários e a própria divisão territorial1. Na avaliação dos geopolíticos brasileiros há três grandes áreas de projeção da influência do país no plano regional: a tradicional Bacia do Prata, o Atlântico Sul e a região amazônica. Cada uma dessas têm exercido atração maior ou menor conforme o desenrolar da história sul-americana. Neste pequeno texto vamos comparar as preocupações brasileiras concernentes aos aspectos geopolíticos em dois grandes momentos: a) desde quando começam os estudos até o período militar; e b) os anos mais recentes, que vão da Nova República com a redemocratização do país, aos dias atuais.
AS PROPOSTAS, AMBIÇÕES...
Em um período tão longo e abrangente que vai dos primórdios da geopolítica brasileira – entendida esta como disciplina apenas a partir da primeira década do século passado até os anos 70 - , constatamos a existência de um espectro muito amplo e variado de autores e de temas. Isto ocorreu não só no Brasil, mas em todo o mundo, e faz parte do papel que cada país desempenha ou ambiciona fazê-lo no cenário internacional. Apesar da extensão do período, alguns autores jogaram papel de realce para que a geopolítica bem ou mal se tornasse conhecida , e se convertesse em fértil campo de debates. Desses pensadores não poderíamos deixar de registrar a presença de Everardo Backheuser, Mário Travassos, Golbery do Couto e Silva, Carlos de Meira Mattos, Álvaro Teixeira Soares e Therezinha de Castro. Curiosamente os dois primeiros foram contemporâneos das décadas de 1920 e 1930, embora ainda