Geomorfolofia

Análise do Conto “A Revelação” de
Miguel Torga

O conto "Revelação", do livro Novos Contos da Montanha do autor Miguel Torga, cumpre as características fundamentais do conto: agarra o leitor desde o princípio despertando o seu interesse até o final, apesar de ser uma história simples e usar o mínimo de elementos. Sendo uma narrativa curta o conto apresenta um número bastante reduzido de personagens, passo a enumerar: Rodrigo (o homem dos sete ofícios); Matilde (dona de casa e agricultora); Artur (eterno apaixonado de Matilde); Natália (filha de Matilde, fruto de um encontro com Rodrigo num dia de “balbúrdia”); Genoveva (mãe de Matilde, caracterizada por ser uma mulher do campo).
O narrador é heterodiegético, pois não faz parte da diegese. A história narrada é apenas conhecida pelo narrador, mas este nada tem a ver com a história em si. Quanto à sua posição é imparcial e quanto à ciência é omnisciente pois explica as motivações das personagens, revela o que elas pensam “(…) era por uma ave de arribação assim, exótica e atrevida, que o seu coração esperava”.
Quanto ao tempo da diegese, passam-se mais ou menos vinte e dois anos desde o início da história até ao final. Este conto apresenta um Portugal agrário “Eram fins de Setembro, na força das colheitas”, em imagens reais, dramáticas “Genoveva era uma moira de trabalho a granjear os bens que o homem deixara”. O conto em análise revela a dura humanidade de um povo de Dailão, retrata o quotidiano das aldeias portuguesas “Rodrigo apareceu em Dailão num dia de feira a tocar a gaita dos seus sete ofícios”, os seus costumes, a sua cultura e a convivência entre os semelhantes. Esta é uma realidade à qual Torga, se encontra umbilicalmente ligado, imprimindo à acção e às personagens que habitam a história um carácter profundamente humano, dramático e, de certo modo até desesperado.
Neste conto, como na maioria da escrita da sua autoria, o autor ficcionaliza, num registo muito peculiar, sendo marcado pelo recurso, a uma