Gentrificação: um processo irreversível.
Chama-se gentrificação (um neologismo que ainda não consta nos dicionários de português) ou enobrecimento urbano, de acordo com algumas traduções, a um conjunto de processos de transformação do espaço urbano que ocorre, com ou sem intervençãogovernamental, nas mais variadas cidades do mundo. O enobrecimento urbano, ou gentrification, diz respeito a uma intervenção em espaços urbanos (com ou sem auxílio governamental), que provocam sua melhoria e consequente valorização imobiliária, com retirada de moradores tradicionais, que geralmente pertencem a classes sociais menos favorecidas, dos espaços urbanos. Na experiência Canadiana do termo gentrification entende-se também a re-capitalização de espaços urbanos residenciais e de comércio independente com novos empreendimentos prediais e de grande comércio, ou seja, a substituição de lojas independentes por comércio multi-nacional. Nos últimos dez anos este fenómeno tem por exemplo a mudança radical da natureza das lojas de Queen St. West em Toronto. Esses processos são criticados por alguns estudiosos do urbanismo e de planejamento urbano devido ao seu suposto caráter excludente e privatizador. Outros estudiosos, como o sociólogo Richard Sennett da Universidade Harvard, consideram demagógico o caráter das críticas, argumentando que problemas urbanos não se resolvem com benevolência para com as camadas mais pobres da população e, na sua opinião, só se resolvem com alternativas que reativem e recuperam a economia do local degradado. "O problema é que o bota-abaixo de 1902 [no Rio de Janeiro] tirou os pobres do centro, mas, não foi seguido de uma solução para essa horda – que acabou se refugiando nos morros, iniciando a formação das favelas (Revista Veja)." A expressão da língua inglesa gentrification foi usada pela primeira vez pela socióloga britânica Ruth Glass, em 1964, ao analisar as transformações imobiliárias em determinados distritos londrinos.