GENEALOGIA DA MORAL
PRIMEIRA DISSERTAÇÃO: “BOM E MAU, BOM E MALVADO” – A ave de rapina e os cordeiros. O tema recorrente de sua primeira dissertação se dá a partir da discussão sobre a origem das coisas. Revelando um conceito já antigo, o autor expõe a tradição que atrela a origem das coisas as suas finalidades. As coisas, nesse sentido, só teriam origem do ponto de vista racional: elas só existem, porque tem um sentido, um propósito. Quando não há reconhecimento total da finalidade das coisas, podem ser levadas em conta duas possibilidades: o propósito dela pode ainda não estar claro no momento de seu surgimento, não há obviedade no sentido da razão de ser da mesma; ou o sentido de sua existência pode ter se perdido no tempo. O tempo, apesar de às vezes ser responsável pela perda do sentido das coisas, se revela, ao contrário dessa afirmativa, como revelador e explicitador dos fins a que se relacionam as coisas, através do decorrer da história. O desenvolvimento é o aperfeiçoamento e progresso da finalidade surgida com a própria coisa. A investigação sobre a origem de algo, portanto, seria a busca por seu sentido original, uma vez que, como aponta o autor, a origem do surgimento de algo nunca se perde completamente, fica apenas escondida pelo tempo. As alterações as quais são submetidas às coisas, acontecem apenas no exterior, nas periferias da mesma, nunca no seu núcleo interno. É neste sentido que caminha a discussão sobre a origem de algo: as coisas parecem não mais possuir seu caráter essencial, elas são mutáveis, fluidas, como expõe o autor. Os fins e sentidos de algo variam de acordo com a necessidade histórica vigente, como por exemplo, as mudanças e transformações das instituições sociais (família, economia, cultura, etc.) ao longo do tempo. O que ocorre é que não só as instituições sofrem alteração no seu sentido ou finalidade, os valores morais também o sofrem. Em detrimento, neste caso, ao que