Galileu - um cientista e várias versões
Arden Zylbersztajn
Depto. de Física – UFSC
Florianópolis – SC
I. Introdução
Galileu Galilei, filho de uma nobre família florentina, nascido em Pisa, em 1564, e falecido em Arcetri, em 1642, é, indiscutivelmente, uma das figuras mais fascinantes da história da ciência. Personagem conhecido dos textos didáticos da Física, por conta de suas contribuições ao desenvolvimento da mecânica, tornou-se também, através da pena de Brecht, um personagem da dramaturgia moderna. A importância das suas realizações e as polêmicas nas quais Galileu se envolveu geraram um interesse ímpar por parte da história e da filosofia da ciência, tendo um autor avaliado, em 1983, em oito mil o número de estudos a seu respeito(1). Longe de conduzir a um consenso, a diversidade de perspectivas, sob as quais a obra galileana tem sido analisada, estimulou a controvérsia e o debate.
Como bem observou um conhecido historiador da ciência:
Toda a história da ciência talvez não seja capaz de apontar uma simples figura sobre a qual as opiniões sejam tão discrepantes quanto Galileu. Ninguém, realmente, deseja questionar a sua estatura científica ou negar que ele tenha sido, talvez, a pessoa que mais contribuiu para o desenvolvimento da ciência clássica. No entanto, sobre as questões de qual precisamente foi a sua contribuição, e onde essencialmente se encontra a sua grandeza, não existe unanimidade de forma alguma. [Apud (2), p. 333]
Situação diametralmente oposta é verificada no contexto educacional, onde predomina uma imagem monolítica de Galileu. Esta imagem está associada à versão empirista de Galileu e será a primeira abordada neste artigo, seguindo-se três outras versões distintas. O objetivo aqui não é o de traçar um quadro completo das interpretações existentes, mas o de ilustrar, por meio de algumas linhas de pensamento representativas no âmbito da história da ciência, diferentes
Cad. Cat. Ens. Fís.,