Féxrão

847 palavras 4 páginas
As perspectivas se abrem desde o princípio da trama, por estar, o telespectador, respirando os ares de um mosteiro encravado no alto de uma montanha, controlado por monges beneditinos e que receberá a visita de monges franciscanos para um concílio sobre a predestinação de Jesus e sua posse de bens materiais e de riquezas, tema este, próprio das argumentações franciscanas: Jesus era ou não dono das roupas que vestia, perguntariam os franciscanos ao representante do Papa, no filme. A atmosfera sombria da localidade, o aspecto doentio de muitos dos frades que aparecem no transcorrer da história, o tom escuro de muitas seqüências (efeito propositadamente trabalhado pelo diretor Jean-Jacques Annaud), a rejeição a conceitos considerados avançados pelas maiorias dos monges que circulam o mosteiro e a presença destacada da inquisição a partir da metade do filme, permite compreender o que foi a Idade Média dominada pelos valores da Igreja Católica.
Uma das maiores qualidades do filme está na reprodução de época, com a equipe de Annaud sendo assessorada pelo eminente historiador francês Jacques Lê Goff, o que confere ao filme maior credibilidade no que se refere à utilização do mesmo como recurso didático. O figurino, as locações (o filme foi feito num autêntico mosteiro medieval), a ambientação, as músicas, os objetos disponibilizados e mesmo a fotografia em tons lúgubres (escuros, dando-nos uma impressão de umidade nos locais de filmagens) se tornam referências para que possamos apresentar o domínio cristão no medievo.
A trama central gira em torno dos referidos assassinatos, atribuído pelos beneditinos às forças ocultas do mal, à ação demoníaca que teria dominado alguns dos monges daquela casa de Deus. É interessante ressaltar que conceitos como Deus e as forças do bem se confrontando com o diabo e o mal eram dominantes nesse período devido ao enorme poder da Igreja Católica (a grande força remanescente desde a época em que os romanos e seu grande império ruíram, ainda

Relacionados