Fundamento da economia
Este artigo analisa o desempenho da produtividade total de fatores e discute a experiência de crescimento econômico na América Latina. Com este objetivo, estima-se uma função fronteira de produção estocástica na forma de uma translog, com efeitos de ineficiência técnica, para um painel de 19 países, no período de 1961 a 1990. Utilizando-se o índice de produtividade total de Malmquist, o crescimento da produtividade é decomposto em dois componentes: variação tecnológica e variação de eficiência técnica. Por meio desta técnica consegue-se quantificar a contribuição da produtividade ao crescimento da América Latina, identificar as fontes de ineficiência técnica de produção e compreender os fatores determinantes do desempenho das economias latino-americanas. Neste aspecto, examina-se o desempenho relativo do Brasil no contexto da região, identificando-se fatores de natureza comum e aspectos diferenciais marcantes. Entre outras conclusões, a mais relevante é a de que a performance da produtividade total dos fatores foi a principal razão do baixo crescimento econômico da América Latina.
Palavras-chave: crescimento econômico, fronteira estocástica, produtividade total dos fatores________________________________________
INTRODUÇÃO
Até os anos 1980, o modelo neoclássico de crescimento econômico, desenvolvido por Solow (1956), manteve uma sólida supremacia como instrumental analítico referencial sobre os fatores que explicariam o processo de crescimento da renda per capita no longo prazo e, como conseqüência, sobre os elementos determinantes dos grandes desníveis de renda entre países ricos e pobres. De acordo com esse modelo, a dinâmica do crescimento de longo prazo estaria associada ao progresso técnico que apresentaria características exógenas.
Admitindo-se a ocorrência de progresso técnico, verifica-se que a renda per capita dos países cresceria no longo prazo pelos deslocamentos do equilíbrio de estado estacionário para níveis cada vez mais elevados em razão