frida kahlo
Frida explicita, apesar da agonia das dores, sua fé na cura, ainda que remota. Por anos, espera com angústia, mas espera. Essa esperança traduz-se num verso de uma canção preferida que se tornou o seu lema: “Árvore da esperança, mantém-te firme!”. Esse verso, aliás, foi o título de uma tela de 1946, na qual há duas Fridas. Uma delas, sob o sol escaldante, sobre uma maca num deserto seco e com o solo cheio de rachaduras, está deitada de lado, com os cabelos solta, nua e com um lençol branco que cobre parte de seu corpo, no qual se vêem dois cortes sangrentos de uma operação na coluna. A outra está no mesmo cenário, só que sob a luz lunar. Sentada na beira da mesma maca, ostentando exuberantemente um vestido vermelho, a outra Frida, saudável e bela, segura um desnecessário colete de coluna numa das mãos e na outra uma bandeirola em que se lê os versos da canção-título.
Em Árvore da esperança, mantém-te firme (1946), Frida retrata seu infortúnio físico resultado das várias intervenções (foram mais de 30 operações, sete delas na coluna) que sofrera ao longo da vida na tentativa de melhorar suas condições de saúde. A noite pintada numa metade da tela alude ao sofrimento, e o dia ensolarado, na outra metade, tem a ver com sua expectativa de recuperação.
”Estou quase terminando o quadro que nada mais é que o resultado da tal operação. Estou sentada à beira de um precipício – com o colete em uma das mãos. Atrás estou deitada numa maca de hospital – com o rosto voltado para a paisagem – um tanto das costas está descoberto, onde se vê a cicatriz das facadas que me deram os cirurgiões filhos de sua… recém-casada mamãe.” Sobre a obra ”A Árvore da Esperança”
A Frida deitada na maca, olhando pro sol, que na mitologia asteca se alimenta de sangue humano para sacrifícios. Para ela mais uma cirurgia seria um sacrifício, depois de tantas mal sucedidas, pois a recuperação era dolorosa e demorada, se opõe à a Frida sentada, otimista e forte do lado da lua,