freud
CAPÍTULO III
Perguntando-se porque é tão difícil ser feliz, o autor estabelece três origens principais do sofrimento dos homens. Estes são o poder superior da natureza, a fraqueza dos nossos corpos e a imperfeição na regulação que ajusta as relações mútuas entre os seres humanos, na família, no estado e na sociedade. É difícil entender porque é que o sofrimento de origem social, que os homens impõem a eles próprios, é tão difícil de regular. A nossa civilização é a principal responsável pela nossa miséria e os mecanismos, que tentamos usar para nos protegermos das suas ameaças, emanam dessa mesma civilização, num ciclo paradoxal. Freud questiona-se se não poderíamos ser muito mais felizes se regressássemos à nossa condição mais primitiva. No entanto, seria difícil apurar se os nossos antecessores seriam mais felizes que nós e em que medida essa felicidade estaria influenciada pelas suas condições culturais.
Perante esta grande dificuldade na obtenção da felicidade, foi-se desenvolvendo uma grande hostilidade perante a civilização, baseadas em descrença e insatisfação. Daí advêm as neuroses, que ameaçam a pouca felicidade proporcionada pelos homens civilizados. As pessoas ficam neuróticas quando não conseguem tolerar a frustração que a sociedade impõe, a serviço dos ideais culturais, num clima de desilusão.
Apesar dos avanços na sociedade o Homem não se sente mais feliz por isso. Este psicanalista explica que, quando tentamos medir a infelicidade dos outros, nos pomos no seu lugar e imaginamos como nos sentiríamos se estivéssemos nesse papel. A felicidade é, na sua essência, muito subjectiva.
A palavra ‘civilização’ descreve a soma de conquistas e as regulações que distinguem as nossas vidas das que levaram os nossos antecessores, que tinham os dois objectivos de proteger os homens contra a natureza e ajustar as suas relações mútuas, processo com o qual podemos aprender. É nessa medida que reconhecemos como culturais