frei luis de sousa
Cena I
Advogados de defesa e de acusação, Dona Madalena e as testemunhas sentadas nos respetivos lugares.
À entrada da juíza levantam-se.
Juíza (de pé) – Dou por iniciada a sessão de julgamento da arguida D. Madalena (bate com o malhete, senta-se seguida das outras personagens)
Advogada de acusação (levantando-se e dirigindo-se à juíza) – Meritíssima, estou hoje aqui presente para proceder à acusação pela morte de D. Maria de Noronha e pela traição a D. João de Portugal. Como primeira testemunha, chamo a depor a aia de D. Maria, Doroteia.
(Doroteia levanta-se e dirige-se à juíza) Juiza (sentada) - Jura dizer a verdade, e somente a verdade a este tribunal?
Doroteia (de pé, com a mão direita levantada e a esquerda sobre a bíblia) - Sim, juro. (Dirige-se ao banco dos réus e senta-se)
Advogada de acusação - Era aia de D. Maria, concreto?
Doroteia – Sim, minha senhora
Advog. de acusação – Então presenciou de perto a relação entre D. Maria e a nossa arguida? Considerava esta uma boa relação entre mãe e filha.
Doroteia – A minha menina era sem dúvida um doce, deus a tenha em bom lugar… (comovida) mas deus me perdoe, D. Madalena era muito instável, e a menina doente como era sofria muito por ver a mãe assim….
Advog. de acusação – Está assim a querer dizer que a mãe foi uma das responsáveis pela sua morte?
D. Madalena (exaltada e em lágrimas) – Não ouse dizer tal coisa! Eu amava a minha menina e morreria por ela.
Juíza (batendo com o malhete) – Ordem no tribunal. Prossiga
(Advogada de defesa tenta acalmar D. Madalena)
Advog. de acusação – Responda à minha…
Advog. de defesa – Protesto
Juíza – Deferido
Advog. de acusação – Sem nada a acrescentar meritíssima.
Advog. de defesa – Se me permite meritíssima( juíza acena afirmativamente) – Na noite