François aprender antropologia parte i
Universidade de Brasília
Aluna: Myrna Constanza Carvalho Castro
Texto: LAPLANTINE, François. "A pré-história da antropologia". In Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003, pp. 25-37.
Nesse texto, Laplantine pretende elucidar as condições que determinaram o início da reflexão antropológica ou, ao menos, do pensamento pré-antropológico. Sua origem remete ao Renascimento e à concomitante descoberta do Novo Mundo, quando o homem ocidental europeu se depara com a alteridade. Desse confronto emergem duas ideologias distintas: a do mau selvagem e do bom civilizado, que pode ser representada pelo jurista Sepulvera; e a do bom selvagem e do mau civilizado, defendida pelo dominicano Las Casas. Se à época a discussão ocorria em termos religiosos, hodiernamente se pode dizer que tal critério não mais vigora - as ideologias, porém, permanecem ainda vivas na Antropologia.
A primeira delas consiste na crença do “mau selvagem e bom civilizado”, isto é, na superioridade do homem europeu sobre o “outro” recém-descoberto, ao qual até mesmo se nega o status de “ser humano”. Nesse sentido, a associação do “outro” com a natureza e a animalidade (depreciadas ao seu grau mais baixo e abjeto) em oposição à cultura e a humanidade dos europeus, cumpre papel fundamental na referida ideologia. Alguns dos critérios utilizados para expulsar os índios da categoria dos seres humanos são: religiosidade (suposta ausência de religião), aparência física (ausência de roupas), comportamentos alimentares (hábito de comer comidas cruas) e inteligência (inexistente, posto que falariam uma “linguagem ininteligível”). Em seguida, Laplantine se detém em dois expoentes da ideologia citada. Cornelius De Pauw explica o “gênio embrutecido dos Americanos” a partir do clima de extrema umidade, associa a distinção natureza/civilização aos povos do hemisfério sul e do hemisfério norte, respectivamente, e se destaca