— É um aparelho singular — disse o oficial ao explorador, e contemploucom certa admiração o aparelho, que lhe era tão conhecido. Oexplorador parecia ter aceito apenas por cortesia o convite docomandante para presenciar a execução de um soldado condenado pordesobediência e insulto aosseus superiores. Na colônia penal não eratampouco muito grande o interesse suscitado por esta execução. Pelomenos, nesse pequeno vale, profundo e arenoso, cercado totalmentepor campos nus, apenas se encontravam, além do oficial e doexplorador, o condenado, um homem de boca grande e aspectoestúpido, de cabelo e rosto descuidados, e um soldado, que sustinha apesada cadeia de onde convergiam as pequenas cadeias que retinham ocondenado pelos tornozelos e as munhecas, assim como pelo pescoço, eque estavam unidas entre si mediante cadeias secundárias. De todos osmodos, o condenado tinha um aspecto tão caninamente submisso, queao que parece teriam podido permitir-lhe correr em liberdade peloscampos circundantes, para chamá-lo com um simples assovio quandochegasse o momento da execução.O explorador não se interessava muito pelo aparelho, e passeava atrásdo condenado com visível indiferença, enquanto o oficial dava fim aosúltimos preparativos, arrastando-se de repente sob o aparelho,profundamente colado à terra, ou subindo de repente por uma escadapara examinar as partes superiores. Facilmente teria podido ocupar-sedestes trabalhos um mecânico, mas o oficial desempenhava-os comgrande zelo, talvez porque admirava sobremaneira o aparelho, ou talvezporque por diversos motivos não se podia confiar esse trabalho a outrapessoa.— Já está tudo pronto! — exclamou por fim, e desceu da escada.Parecia extraordinariamente cansado, respirava com a boca muitoaberta, e havia colocado dois finos lenços de mulher sob a gola douniforme.— Estes uniformes são muito pesados para o trópico — disse oexplorador, em vez de fazer alguma pergunta sobre o aparelho, comoteria desejado o oficial. — Com efeito — disse este, e