FRACASSO ESCOLAR T Picos E Atividades
Fonte: PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz Editor Ltda. 1993, 3ª edição. (Capítulo selecionado: Primeira parte - O fracasso escolar como objeto de estudo; “Das causas do fracasso escolar: uma tentativa de sutura do discurso fraturado” pp. 94 -127). Tópicos principais:
1. No início dos anos 70 (EUA), a explicação da desigualdade educacional entre as classes sociais apoiava-se na idéia da “teoria de carência cultural” para explicar que crianças de classe “baixa” e “média” se desenvolviam de forma desigual devido às diferenças de ambientes culturais às quais pertenciam, produzindo deficiência no desenvolvimento psicológico infantil, causando dificuldades na aprendizagem e adaptação escolar.
2. Esta versão encontrou aceitação no Brasil devido à visão não-negadora do capitalismo, em que a incapacidade de pobres, negros e mestiços reforçava as “explicações do Brasil” que, de acordo com o sub-desenvolvimento econômico ressaltava sua pobreza e mazelas, cuja reversão era proclamada como imprescindível ao “milagre brasileiro”.
3. Esta ideologia levantava a bandeira da valorização do homem, através do atendimento da criança em suas necessidades básicas, explorando sua potencialidade de inteligência como mística desenvolvimentista – teoria do capital humano – com atenção à extensão da escolaridade e aplicação da tecnologia à organização do ensino, baseadas na pedagogia “inglesa”, de modo ao que o Poder Público estudou diretrizes de uma política educacional em que se priorizasse o rendimento da “criança excepcional”, em nome do “processo evolutivo da espécie em graus de complexidade crescente”.
4. Nessa época, muitos pedagogos e psicólogos brasileiros se mostravam seduzidos pela literatura norte-americana que enfatizava a “ausência de cultura” como idéia de que termos como “privação, carência e deficiência cultural” deveriam ser