formação docente
Teórico das Ciências da Educação, designadamente da Sociologia da Educação, o francês Bernard Charlot, por razões familiares, deixou a França e se estabeleceu no Brasil. Decerto, com a sua boa verve, tem dado uma significativa contribuição ao árido pensamento educacional brasileiro - sempre tão previsível na mera citação de autores e no oba-oba em torno de determinadas ideias. O texto dele que a seguir reproduzo é um exemplo da sua argúcia analítica na abordagem da problemática educacional contemporânea.
O PROFESSOR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: UM TRABALHADOR DA CONTRADIÇÃO
Bernard Charlot [1]
Fonte: Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 17, n. 30, p. 17-31, jul./dez. 2008
RESUMO
O artigo pretende confrontar as injunções da sociedade contemporânea com o que está vivendo o professor “normal”, isto é, a professora que atua a cada dia numa dessas salas de aula que constituem a realidade educacional brasileira. O professor enfrenta contradições que decorrem da contemporaneidade econômica, social e cultural: deve ensinar a todos os alunos em uma escola e uma sociedade regidas pela lei da concorrência, transmitir saberes a alunos cuja maioria quer, antes de tudo, “passar de ano” etc. Essas contradições, porém, não são um simples reflexo das contradições sociais; arraigam-se, também, nas tensões inerentes ao próprio ato de ensino/aprendizagem. O artigo analisa como essas tensões tornam-se contradições na sociedade contemporânea. Destaca seis pontos. O professor é herói ou vítima? É “culpa” do aluno ou do professor? O professor deve ser tradicional ou construtivista? Ser universalista ou respeitar as diferenças? Restaurar a autoridade ou amar os alunos? A escola deve vincular-se à comunidade ou afirmar-se como lugar específico?