Formando em ciências sociais
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Ipeds, celulares, computadores, carros... Existe algo de intrigante em tudo isso. Ao deparar-se com o cotidiano o homem usa instrumentos tecnológicos que ele próprio criou como meio de moldar o banal a seu favor. Que intrigante é o homem insistir que sem sua parafernália ele não poderia viver. É obvio que ele mente, pois se sua afirmação fosse uma alegação real seus mais primitivos antepassados e até os mais recentes não teriam tido condições de lhe herdarem a existência. Mas o homem intransigente continua resmungar “A ciência é nossa maior realização, sem ela reduziríamos nossa tecnologia ao nulo!”. Assim, intrigação continua. Tal homem inevitavelmente nos leva aos pensadores da aurora da Antropologia, Frazer, Morgan, Taylor entre outros, que postulavam que as sociedade humanas podem ser classificadas em uma ordem evolutiva, nesse sentido a ciência seria um índice de medida do desenvolvimento de uma sociedade. Entretanto, para a atual Antropologia, a ideia de que a ciência ou o que dela se produz seja parâmetro para medir o patamar evolutivo de alguma cultura é estapafúrdia, pois quando toma-se a ciência como o fato que propiciou a tecnologia aplicada a guerra, nossa cultura estaria no mais baixo patamar da civilização, dado o que temos feito com a tecnologia da morte que criamos por meio de nossa magnífica ciência A partir disso, a ideia de considerar a ciência nossa grande realização coloca-se como uma questão que necessita reparo. Essa concepção parte do pressuposto de que tal realização foi alcançada por nós e não os outros, e nesse quesito os outros são inferiores, pois não foram eles que alcançam tal façanha. É importante resaltar que essa dicotomia, nós e outros, fundamenta-se na distinção entre a cultura ocidental e as culturas desprovidas de tecnologia. Assim, a afirmação “A ciência é nossa grande realização” é, em essência, etnocentrica. Se essa concepção acerca ciência é insustentável, o que por meio dela foi ofuscado e agora demanda atenção?