Folha de são paulo, 08/03/2011
China estuda fim à política do filho único
Tema é levado à pauta do Congresso Nacional; país enfrenta pressões demográficas, como o envelhecimento
Regra está vigente há 30 anos em zonas urbanas; proposta é tolerar duas crianças por casal e proibir o terceiro filho
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Após 30 anos de vigência, a China estuda o fim da controvertida Política do Filho Único devido a pressões demográficas como o rápido envelhecimento, informou o Comitê de Recursos Populacionais. O tema está na pauta da reunião anual do Congresso Nacional do Povo, atualmente em sessão.
"Deveríamos encorajar uma criança, permitir duas crianças e proibir três crianças", disse anteontem Ji Baocheng, membro do Congresso e presidente da Universidade Renmin da China.
Entre os principais problemas da atual política de controle de natalidade estariam a crescente falta de mão de obra, a desproporção entre homens e mulheres e o envelhecimento populacional.
"A força de trabalho populacional entre as idades de 28 e 40 anos cairá pela metade em dez anos", afirmou Ji.
Segundo Wang Yuqing, vice-diretor do Comitê de Recursos Populacionais do Congresso, o alto custo para criar um filho em cidades como Xangai e Pequim ajudará o controle de natalidade.
Atualmente, a Política do Filho Único só é aplicada nas cidades. A população rural já pode ter uma segunda criança se a primeira for do sexo feminino. Minorias, como os tibetanos, estão isentas.
Segundo números oficiais, foram realizados cerca de 265 milhões de abortos em três décadas. Muitos deles são feitos tardiamente e de forma arriscada, já que a preferência por bebês do sexo masculino leva os pais a esperar até o segundo trimestre, quando o sexo já está definido.
A política também provocou milhões de casos de punições. Em várias partes do país, aplicavam-se os "cinco procedimentos" contra famílias transgressoras: toma da colheita, dos animais e dos móveis, demolição de casas e prisão.
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