Florestan Fernandes- A herança intelectual da Sociologia

Florestan Fernandes, um dos mais importantes sociólogos e políticos do Brasil, apesar de ter ingressado na vida acadêmica, teve uma infância pobre e difícil, chegando até mesmo a realizar tarefas como a de engraxate. Ele nasceu em São Paulo no ano de 1920, graduou-se em Ciências Sociais pelo Universidade de São Paulo, onde também foi professor. Porém, em 1969 foi aposentado compulsoriamente pela ditadura militar instaurada no país, levando-o ao exilio no Canadá. Após três anos, retornou ao Brasil, recusou a lei de anistia e entrou para a vida política como deputado federal. Florestan morreu aos 75 anos. Sua sociologia (assim como a de Webber) é marcada por não tratar o homem somente como um fragmento da sociedade, mas sim como um agente de si mesmo e do mundo social. Em seu texto “A herança intelectual da Sociologia”, esse caráter é extremamente evidenciado desde o início, quando o autor começa justamente dizendo que o estudo das condições de existência social dos seres humanos constitui a parte mais fascinante e importante do objeto da sociologia. Portanto, somente quando se começa a falar do homem como objeto das indagações, tais indagações começam a adquirir consistência cientifica no mundo moderno, devido ao método de investigação cientifica das condições de existência social do seres humanos. Com isso, sentiu-se a necessidade de criar uma ciência voltada exclusivamente para explicar o papel do homem dentro da sociedade. A sociologia afirma-se primeiro como uma forma cultural de concepção do mundo e somente depois como explicação cientifica. Ela só foi possível graças ao contexto do século XIX, no qual ocorre o fortalecimento da própria ciência, onde a sociologia irá se constituir como um produto cultural das fermentações intelectuais provocadas pelas revoluções industriais e político-sociais, que abalaram o mundo ocidental moderno. Em seu texto, Florestan defende a ideia de que o desenvolvimento do sistema das ciências ocorre sob duas ordens