Aquele frio de meu quarto parece tomar conta, não apenas do lugar, mas também de meu corpo e o pior de minha alma. A frieza parece ser mais fácil de lidar, os móveis dali preenchem o ambiente, mas não a solidão que ali há. Eu peço por silêncio e tudo a minha volta parece cooperar, mas minha mente continua gritando algo que não entendo e que muito menos quero escutar. E agora penso que estou em branco, na verdade fujo de enfrentar meu presente me escondendo em meu passado, apenas deixando um rastro de cheiro, uma poça de lágrimas e um papel em branco sobre minha cama. Entro em um novo mundo com esperanças de me preencher com algo a mais do que apenas fumaça e pó. Estou em um lugar desconhecido e de longe enxergo uma pequena garota ruiva e, a partir daí, começo a observa-la. Seus cabelos voam junto ao vento e seu olhar negro reluz junto ao sol, o seu sorriso não é necessário, suas expressões são suas verdades. Aos poucos me aproximo e ela com um sorriso me chama para perto, me dá a mão e começa a me mostrar seu jardim, me mostra as flores e seu odor diferenciado que de certo modo cada flor, para ela, exalam um diferente sentimento. Ela vê felicidade em coisas simples, por mais que tudo a sua volta esteja escuro, ela acha uma luz por onde andar. Com o tempo nos tornamos melhores amigas, eu era seu porto seguro e era comigo que ela dividia suas felicidades e tristezas. Mas mal sabia ela que eu era apenas um fruto de sua imaginação. Certo dia, enquanto a observava, percebi que por trás do negro de seus olhos, havia lágrimas que nunca foram derramadas. Então antes de dormir perguntei a ela o que estava acontecendo que o seu sorriso já não mais predominava em seu rosto. Ela se calou e pela primeira vez vi seu rosto perder o brilho, com poucas palavras me explicava que ao mesmo tempo em que tinha tudo dentro de sua casa, algo lhe faltava, e ela não sabia o que era. Ao passar dos dias percebia que ela, cada vez mais, se afogava em suas mágoas. Me pedia ajuda e