Fim do feudalismo
A DESAGREGAÇÃO DO REGIME FEUDAL NO CAMPO
Charles Parain
Da mesma forma como em todos os regimes fundados na exploração do homem pelo homem, o tempo de criação e de equilíbrio do regime feudal foi de duração limitada. Na Europa, nos séculos XIV e XV, vemos eclodir e prolongar-se uma crise geral da sociedade feudal, que não é a última. Ainda que o declinar do mundo feudal dure relativamente menos tempo que o declinar do mundo antigo, ocupa também vários séculos (XV – XVIII), até o momento em que uma nova classe – a burguesia – persegue conscientemente sua destruição e sua substituição.
No século XIV, torna-se evidente em todos os paises da Europa ocidental que o regime feudal tinha deixado de ser favorável ao desenvolvimento das forças produtivas. Nem a extensão, nem a intensificação da agricultura podem fazer frente ao aumento da população. Os arroteamentos detêm-se, as terras esgotam-se. Fomes terríveis, seguidas de epidemias, afetando sobretudo os mais pobres, sucedem-se com um ritmo bastante rápido. A “Peste Negra” – 1348-1349 – é a mais célebre; mas o característico não é o aparecimento dessas calamidades (já haviam ocorrido muitas outras), mas a sua repetição e seu resultado: numerosas aldeias despovoadas, numerosas terras abandonadas. A constituição dos primeiros Estados nacionais apoiada sobre a estrutura política feudal, provoca guerras terríveis como a Guerra dos Cem Anos, entre a França e Inglaterra. Estas destruições vão acompanhadas de grandes levantes camponeses: em 1358, a “Jacquerie” na França do Norte; em 1381, a revolta dos trabalhadores na Inglaterra. Esses fenômenos são bastante gerais, constatados também na Espanha e Alemanha; em muitos casos são concomitantes, provocados por uma crise de conjunto, e não por circunstâncias locais.
A crise provém do agravamento da exploração das massas camponesas, não tendo mais como contrapartida um desenvolvimento das forças produtivas, porque os impostos senhoriais chegaram a