Filosofia
"A filosofia nasce de uma tentativa desusadamente obstinada de chegar ao conhecimento real", diz Bertrand Russell. Com efeito, o desejo de encontrar explicação para a própria existência e a existência do mundo circundante, que já nas antigas concepções míticas expressava-se por meio de elementos simbólicos, está na origem da filosofia como tentativa de discernir os princípios e fundamentos subjacentes à realidade aparentemente caótica.
Segundo a tradição clássica, o pensador grego Pitágoras foi o primeiro a denominar-se philosóphos, aquele que ama ou procura a sabedoria, em oposição ao sophós, ou sábio que se limitaria a entesourar conhecimentos sem se preocupar com sua validade. Lendária ou não, essa distinção resultou correta na caracterização essencial do espírito filosófico, cuja busca visa não ao registro ou à descrição de fatos concretos, mas à conquista de um saber unitário e abrangente sobre o homem e a natureza.
Desde seu nascimento na Grécia no século VI a.C., foram apresentadas inúmeras e freqüentemente contraditórias definições de filosofia, entre elas a tradicional concepção de Aristóteles, que entendia a filosofia como ciência dos princípios e causas últimas das coisas; ou a concepção das escolas positivistas e empíricas, que a viam como simples organizadora ou esclarecedora dos dados proporcionados pela experiência e pelas ciências. Em última instância, porém, a persistência histórica de tais polêmicas contribuiu para destacar o caráter primordialmente crítico e antidogmático da atividade filosófica, que faz da reflexão sobre si mesma seu primeiro e fundamental problema.
Cabe, pois, usando as palavras do pensador alemão Karl Jaspers, definir filosofia antes de tudo como "a atividade viva do pensamento e a reflexão sobre esse pensamento", isto é, uma investigação racional direcionada não só para a determinação dos princípios gerais da realidade mas também para a análise crítica do próprio instrumento - a razão - e das