1. Diferença entre o Estado de natureza de Hobbes e o de Locke O Estado de natureza de Hobbes é um estado de guerra permanente, e por consequência a busca da paz é a justificação para todos os desdobramentos de sua teoria. Conforme esse autor, os homens são maus por natureza (o homem é o lobo do próprio homem), pois possuem um poder de violência ilimitado. Os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos. Reina o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Nesse estado a vida não tem garantias; a posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe; a única lei é a força do mais forte, que pode tudo quanto tenha força para conquistar e conservar. Vê-se, então, que o convívio não é de boa vontade, nem é agradável, mas sim convencional, em que os homens se abrigam, fugindo daquele estado de guerra generalizada, evidenciando a necessidade de criação do Estado, o grande Leviatã, a partir de um contrato social que visa a abdicação (renúncia) consensual de todos os indivíduos a todos os direitos que o estado de natureza lhes franqueia, em favor de uma única pessoa, o príncipe, escolhido para manter a paz. Para Locke, o estado de natureza é um estado de igualdade, em que os homens têm a perfeita liberdade de regular suas ações e dispor seus bens, conforme acharem conveniente, dentro dos limites da lei da natureza, sem depender da vontade de qualquer outro homem. Esse estado não é necessariamente ruim, de ''guerra de todos contra todos'', mas um estado de igualdade, em que os homens convivem livremente, apoiados apenas em noções naturais de justiça. A lei natural trata de preservar a vida, angariando para si apenas quanto baste para o próprio sustento. Concebe o estado de natureza como limitado pelos direitos naturais: para preservá-los, o poder é dividido em legislativo e executivo. A renúncia sobre todos os direitos que o estado de natureza lhes franqueia só recai sobre o direito de punir os