Filosofia
(...) No mês de fevereiro de 399 a.C., Sócrates morreu aos 71 anos, condenado por seus concidadãos. Defronte o tribunal democrático, foi acusado de impiedade e de não cultuar os deuses da cidade, de introduzir novas divindades e de corromper a juventude com seus ensinamentos. Este homem extraordinário não foi, como os outros de quem falamos até agora, líder de uma escola. As escolas que vão se declarar socráticas são numerosas e, em muitos pontos, opostas: não têm em comum nenhuma tradição doutrinal. Também não chegamos a Sócrates diretamente, já que ele não deixou nada escrito, e não há uma tradição única, mas tradições múltiplas, que nos dão, cada uma, um retrato diferente. Além disso, esses retratos não têm nenhuma intenção de serem fiéis. O mais antigo de todos,
As Nuvens de Aristófanes (que se passa em 423 a.C., quando Sócrates tinha 47 anos), em que Sócrates entra em cena, é uma sátira. Depois de sua morte há toda uma literatura de
Diálogos Socráticos onde os seus discípulos lhe dão o papel principal.
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O que ensinou ele? Se dermos crédito a Xenofonte e Aristóteles, Sócrates foi sobretudo o inventor da ciência moral e o iniciador da filosofia dos conceitos. Sócrates, disse Aristóteles, tratou das virtudes éticas, e a respeito disso, procurou defini-las universalmente. Ele procurava saber o que as coisas são. Tentava fazer silogismos, e o princípio do silogismo é saber o que as coisas são. O que se atribui a Sócrates, com razão, é, ao mesmo tempo, o raciocínio indutivo e as definições universais, que estão, de uma forma ou de outra, no princípio da ciência. Mas para
Sócrates as definições e os universais não estão separados. São os platônicos que os separam e lhes dão o nome de ideias”. Portanto, de acordo com Aristóteles, Sócrates compreendeu que as condições para a ciência moral estavam no estabelecimento metódico, pela via indutiva, de conceitos universais, como a justiça ou a