Filosofia
Ronaldo Campos
É sabido por todos que a filosofia é de fato uma forma de sensibilidade diferenciada. Quando do seu surgimento, a filosofia (do grego ''amor à sabedoria'') não aparece como uma forma de saber, mas como uma relação, afetiva, sensível com o saber. Os gregos compreender o saber e a ignorância de modo distinto daquele que anteriormente existia. Se antes o saber era apreendido como uma plenitude, a ignorância como carência e falta; agora, no mundo helênico, esse panorama sofre uma inversão, a saber: o saber é uma falta (lembre-se de Sócrates que dizia '' só sei que nada sei'', assim, somente aquele que ignora busca a sabedoria, ou seja, o que mais ignora é o que mais sabe, apesar de ser o único a saber que ignora) e a ignorância é uma plenitude. .
O que nos diferencia dos outros seres segundo Sócrates não é nem a ignorância nem a sabedoria. Mas, o nosso olhar diante da ignorância e da sabedoria. Ou nós percebemos ou não. Ou acolhemos ou a espantamos. Sócrates acolheu o fato de nada saber e através do método dialógico (do diálogo) buscou o verdadeiro conhecimento. Ele não ficou preso nem no jogo de claro e escuro das sombras da caverna nem na falsa aparência de verdade da opinião (da doxa). Mesmo, quase inatingível, .Sócrates buscou a luminosidade da verdade na episteme e no logos.
E ao encontrar a verdade, ele retornou ao fundo da caverna e tentou conscientizar os outros de que aquilo que era mostrado pelos sentidos na verdade era pura engano o e erro. Sócrates decidiu não fazer essa busca só para si, mas também com todos os outros. Aqui é o momento em que a filosofia se encotra com a educação. Mesmo não ensinando, os outros aprendem com ele. Sócrates rejeita o papel de mestre, mas a sua postura e os seus valores fazem com que ele seja muito copiado (principalmente, pelos jovens).
Para o filósofo, educar é muito mais do que transmitir conhecimentos, mas passar para o outro sensibilidade, levá-lo a um certo modo de olhar.