Filosofia

3396 palavras 14 páginas
Escrita pelo filósofo alemão Immanuel Kant, em 1795, a obra À paz perpétua condena a guerra como procedimento de direito e torna, ao contrário, o estado de paz um dever imediato, que, porém, não pode ser instituído ou assegurado sem um contrato dos povos entre si. Tal tema continua atual, e o seu pensamento merece ser retomado em um momento em que se buscam intensamente alternativas para enfrentar as violências que assolam o mundo.
Segundo o primeiro Relatório Mundial sobre Violência e Saú-de (KRUG et al., 2002), publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o século XX foi um dos mais violentos da história, estimando-se que 191 milhões de pessoas perderam a vida em consequência de guerras e conflitos. Mais da metade destas vítimas eram civis. Conviver pacificamente depende de um esforço coletivo, organizado e contínuo, cujas premissas devem ser acordadas e respeitadas pela sociedade do bairro, da cidade, do país e do mundo. Kant já afirmava que é nossa obrigação buscar a paz, mas que esse dever “não pode ser instituído ou assegurado sem um contrato dos povos entre si”.
À paz perpétua divide-se em duas seções. Na primeira seção, Kant apresenta o que chama de artigos preliminares à paz perpétua entre Estados. Nos seis artigos preliminares, o autor descreve as condições que são impeditivas da paz.
No primeiro artigo preliminar, diz que não deve viger nenhum tratado de paz como tal que tenha sido feito com a reserva secreta de matéria para uma guerra futura. Para Kant, os tratados de paz não buscam resolver as causas das guerras, não sendo válidos por esse motivo. Traçando um paralelo com o mundo contemporâneo, pode-se observar que o tratado que pôs fim à Primeira Guerra Mundial também colaborou, por meio das suas consequências, para a eclosão da Segunda Grande Guerra, ainda mais devastadora do que a Primeira. No Oriente Médio, o conflito entre árabes e israelenses se arrasta há anos, com a quebra sistemática de acordos de trégua, que fracassam justamente

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