Filosofia
Se calhar, o leitor não fala empreendedorês. Não recebeu inputs, perdeu a oportunidade de desenvolver o know-how e agora não consegue dar feedback. Não tem drive nem mindset de mercado para abordar um cluster de empresas e mostrar-lhe os seus skills técnicos
O leitor não tem dado atenção aos gurus do empreendedorismo. Está a ler isto, em vez de estar a empreender. Prepara-se para ficar mais de dois minutos sem inovar. Borrifa-se despudoradamente na competitividade. Que se passa? Não ouviu os sacerdotes do trabalho? Não se sentiu inspirado pelas palestras de motivação? Se calhar, não fala empreendedorês. Não recebeu inputs, perdeu a oportunidade de desenvolver o know-how e agora não consegue dar feedback. Não tem drive nem mindset de mercado para abordar um cluster de empresas e mostrar-lhe os seus skills técnicos. Impressionante, a sua incúria.
Nutro um grande fascínio pelo mundo do trabalho, até porque nunca tive um emprego a sério. Por isso, foi com muito agrado que me dediquei a ouvir os novos guias espirituais do empreendedorismo, da inovação e da competitividade. Posso fazer-lhe um resumo. O leitor quer singrar? Seja empreendedor. Pronto, começam as objecções. O leitor, com a sua costumeira impertinência, acha que, uma vez que empreender é sinónimo de fazer, sugerir a quem não sabe o que fazer que empreenda acaba por ser igual a coisa nenhuma. Calma.
Há que educar o gosto para este tipo de aconselhamento. O leitor ainda quer singrar?
Então, inove. É outro truísmo? É mais fácil falar em inovação do que ter, de facto, ideias inovadoras? Mau, mau. Começo a aborrecer-me com a resistência do leitor. Deixe-me continuar a analisar o pensamento destes profissionais cujo trabalho é recomendar ao leitor que trabalhe.
Primeira ideia: é preciso chegar mais cedo ao emprego e sair mais tarde. Dito assim, parece pouco, mas o conselho tem de ser dado aos gritos, em pose dinâmica e empreendedora. O leitor