Filosofia e Historia da Biologia
Os estudos de Joseph Priestley sobre os diversos tipos de “ares” e os seres vivos
Roberto de Andrade Martins *
Resumo: Os livros didáticos costumam mencionar alguns experimentos realizados por Joseph Priestley (1733-1804) na década de 1770 envolvendo combustão, animais e plantas em recipientes fechados. De acordo com algumas obras, Priestley descobriu a fotossíntese, ou a produção de oxigênio pelas plantas e seu papel na respiração. A apresentação didática dos experimentos atribuídos a Priestley não apresenta nenhuma contextualização, não menciona o que ele estava procurando ou testando, e interpreta de forma anacrônica as conclusões tiradas dessas experiências. Além disso, a própria concepção de ciência que está implícita nessas descrições é equivocada. Este artigo apresenta uma versão mais adequada das pesquisas de Priestley e de sua relevância para a compreensão de alguns processos vitais, na época. Este episódio histórico, adequadamente exposto, permite apresentar aos estudantes vários conceitos importantes a respeito da natureza da ciência e da pesquisa, como a íntima relação entre estudos de diversos campos (no caso, entre química, medicina e história natural), as influências de idéias preconcebidas na pesquisa, as dificuldades que surgem ao se tentar compreender fatos novos e inesperados, as diferenças entre as interpretações do próprio Priestley e as aceitas hoje em dia, as contribuições de diversos pesquisadores, bem como o contexto mais amplo em que se situavam os experimentos descritos de forma tão simplista pelos livros didáticos. Palavras-chave: Priestley, Joseph; fotossíntese; respiração; história da biologia; história da química
Joseph Priestley’s studies on different kinds of “air” and living beings Abstract: Textbooks usually mention some experiments performed by Joseph Priestley (1733-1804) in the decade of 1770 involving combustion, animals and plants in closed containers.