Filosofia de vida: eu
A reviravolta linguística-filosófica inaugurada pela filosofia contemporânea coloca como papel fundamental da filosofia analisar a linguagem através da qual podemos entender melhor a nossa forma de ver a realidade das nossas experiências, e não como produtora de teorias ou sistemas conceituais.
Sendo assim, resta-nos perguntar como ficam as questões fundamentais na tradição do conhecimento, como por exemplo, o que é o homem? Quem é o homem?Quando e como surge a noção de EU?
Na filosofia contemporânea fala-se de uma emergência antropológica no contexto linguístico para se fazer uma reflexão sobre tais questões. Tal emergência é visível nas "investigações Filosóficas", obra póstuma do chamado segundo Wittgenstein, que marca profundamente a filosofia da linguagem e o pensamento filosófico contemporâneo.
O EU enquanto interioridade e exterioridade
A noção de EU, tradicionalmente, forma-se baseada numa interioridade e mentalismo, como no "EU penso" de Descartes, sendo levado a pontos extremos, tornando-se possível apenas de ser concebido fora da experiência.
O EU como algo intrínseco apenas à noção de si-mesmo, acaba por não situar o sujeito desse ensimesmamento no mundo relacional, o que contraria a ideia de linguagem como algo necessariamente coletiva, já que é pressuposto fundamental para as relações. Tal atitude provoca sérias limitações para um conhecimento coerente do individuo, no sentido de não ser algo apenas intencional, mas ser dotado de realidade estando inserido na exterioridade e interioridade ao mesmo tempo. O individuo, simultaneamente, exterior e interior é sujeito criador e manipulador da linguagem, enquanto é também forjado e criado por ela. Dessa maneira, toda realidade apreendida individualmente está relacionada com o mundo externo e a todo tipo de alteridade existente. Nesse sentido, a noção de EU ultrapassa a questão da identidade, enquanto conceito puramente subjetivo, ou a ideia que o sujeito faz