Filosofia contemporânea
No final da guerra, observou-se que os combatentes voltavam mudos do campo de batalha não mais ricos, e sim mais pobres em experiência comunicável. E o que se difundiu dez anos depois, na enxurrada de livros sobre a guerra, nada tinha em comum com uma experiência transmitida de boca em boca.
Tal afirmação já havia sido feita anteriormente no ensaio “Experiência e pobreza” e é aqui repetida. A importância de tal afirmação decorre não somente de suas implicações teóricas, mas também do fato de que ela sintetiza em poucas frases grande parte do pensamento benjaminiano sobre a sociedade moderna.
Porém, apesar da inegável autoridade que tal afirmativa carrega consigo, sua aceitação não é unanimidade entre estudiosos. É o caso do Sociólogo e Jornalista Marcelo Coelho, que irá partir da sua discordância do enunciado de Benjamin para escrever um artigo questionando a validade do mesmo. Seu artigo renderá uma resposta da Filósofa e Professora Jeanne Marie Gagnebin, que buscará explicar algumas das questões levantadas por Coelho. Este trabalho buscará reconstruir os argumentos e reflexões levantados pelos dois artigos e, a partir destas reflexões e de textos do próprio Benjamin, fazer uma avaliação sobre a possível validade da afirmação citada no início do trabalho. Partiremos então do artigo de Marcelo Coelho.
Logo no início encontramos alguns questionamentos acerca da afirmação de Benjamin sobre a mudez dos combatentes que estruturam todo o desenvolvimento do artigo:
Mas será verdade? Se for, em que medida? E por quê? De resto, como conciliar a dita mudez dos soldados com o fato de que romances, poemas e relatos autobiográficos acabaram sendo escritos? nota
É preciso entender qual é a leitura que Marcelo Coelho faz da frase de Benjamin para que então seja possível compreender como são respondidas tais