FILOSOFIA CONTEMPORANEA
Estamos mergulhados num mundo que não cessa de colocar novas questões para a filosofia. Por isso mesmo, não é fácil reconhecer o que é a filosofia contemporânea. Estamos perto demais. Percebemos a filosofia do passado com mais clareza e coersão do que percebemos a filosofia atual. A filosofia contemporânea fundamenta-se em alguns conceitos que foram elaborados no século XIX. Um desses conceitos é o conceito de historia. Consideramos como contemporânea a filosofia que se estende, dentro da imprecisão cronológica própria das produções culturais, ao longo da segunda metade do século XIX e da primeira metade do século XX. A filosofia contemporânea, nas suas linhas mais fundamentais e características, só podem ser adequadamente compreendidas em relação com a obra de Hegel. Com efeito, a filosofia contemporânea constitui em grande medida uma reação contra o sistema hegeliano, ao mesmo tempo em que retoma poucas das suas analises e interrogações. A mais notável e radical reação contra o sistema de Hegel é feita por Marx, pelo marxismo. O marxismo, entroncado originalmente na esquerda hegeliana, distingue e separa o sistema hegeliano (idealista) do método dialético, propondo uma visão dialética. Aceitando e transformando esse ultimo a filosofia marxista “inverte” o sistema de Hegel, propondo uma dialética-materialista da consciência, da sociedade e da historia. Outra reação contra o hegelianismo – reação estreitamente vinculada à situação econômica, social e intelectual resultante da revolução industrial – é representada pelo positivismo, especialmente o de Comte. Neste caso, rege-se contra o “racionalismo” hegeliano naquilo que possa ter de menosprezo da experiência, com a pretensão de instaurar um saber positivo, capaz de fundamentar uma organização politico social nova. Como Marx, Comte conserva, no entanto, embora o transformando, um momento importante do hegelianismo: a ideia de “espirito objetivo”. O positivismo (tomado, em