Filosofia - conceio
Adisparidade das F. tem por reflexo, obviamente, a disparidade de significações de "F.", o que não impede reconhecer nelas algumas constantes. Destas, a que mais se presta a relacionar e articular os diferentes significados desse termo éa definição contida no Eutidemo de Platão: F. é o uso do saber em proveito do homem. Platão observa que de nada serviria possuir a capacidade de transformar pedras em ouro a quem não soubesse utilizar o ouro, de nada serviria uma ciência que tornasse imortal a quem não soubesse utilizar a imortalidade, e assim por diante. É necessária,portanto, uma ciência em que coincidam fazer e saber utilizar o que é feito, e esta ciência é a F.
(Eutid.,288 e 290 d).Segundo esse conceito, a F. implica: posse ou aquisição de um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível;
2A uso desse conhecimento em benefício do homem. Esses dois elementos recorrem freqüentemente nas definições de F. em épocas diversas e sob diferentes pontos de vista. São reconhecíveis, porexemplo, na definição de Descartes, segundo a qual "esta palavra significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria nãose entende somente a prudência nas coisas, mas um perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem podeconhecer, tanto para a conduta de sua vida quanto para a conservação de sua saúde e a invenção de todas as artes"
(Princ. phil.,
Pref.). Encontram-seigualmente na definição de Hobbes, segundo a qual a F. é, por um lado, o conhecimento causai e, por outro, autilização desse conhecimento em benefício do homem
(De corp.,
I, § 2, 6), bem como na de Kant, que define oconceito cósmico da F. (o conceito que interessa necessariamente a todos os homens) como o de "ciência da relaçãodo conhecimento à finalidade essencial da razão humana"
(Crít. R. Pura,
Doutr. transe, do método, cap. III). Essafinalidade essencial é a "felicidade universal"; portanto, a F. "refere tudo à sabedoria, mas através da ciência"
(Ibid.,infiné).