Filosofando: Ideologia, Alienação e Trabalho
O sistema capitalista sustenta-se pela produção de mercadorias. Mercadoria é tudo o que é produzido tendo em vista o valor de troca e não o valor de uso. Ou seja, a mercadoria é o que se vende, enquanto o valor de uso está, por exemplo, na roupa que fazemos para nosso próprio uso. Como produto do trabalho, o valor da mercadoria é determinado pelo total de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Calcula-se, então, o valor da força de trabalho que o operário vende ao capitalista por ser a única mercadoria que possui, ou seja, a capacidade de trabalhar. Esse valor deve ser o necessário para a subsistência e a reprodução de sua capacidade de trabalho, isto é, alimento, roupa, moradia, educação dos filhos etc. O salário deve, portanto, corresponder ao custo da própria manutenção e a de sua família. No entanto, na obra O capital, Marx explica que a relação de contrato de trabalho é livre só na aparência; na verdade, o desenvolvimento do capitalismo supõe a exploração do operário. O capitalista o contrata para trabalhar durante um certo período de horas a fim de alcançar determinada produção, mas, por ficar disponível todo o tempo, na verdade produz mais do que foi calculado, ou seja, a força de trabalho pode criar um valor superior ao estipulado inicialmente. No entanto, a parte do trabalho excedente não é paga ao operário, e serve para aumentar cada vez mais o capital. Denomina-se mais-valia, portanto, o valor que o operário cria além do valor de sua força de trabalho, e que é apropriado pelo capitalista.
• Alienação e ideologia
Com a descrição da mais-valia, Marx configura o caráter de exploração do sistema capitalista. De imediato o operário não é capaz de reverter o quadro porque se encontra alienado. O que significa alienação? Ao desenvolver o conceito de alienação, Marx rejeita as explicações comuns na história da filosofia, ora com contornos religiosos, ora metafísicos ou morais. A elas opõe a análise das condições reais do trabalho