Filme , obrigada por fumar, por carolina moreira
Dentro das organizações, o principal quesito para que haja uma coesão entre os seus interesses e dos profissionais que nelas atuam está dentro dos valores pessoais e organizacionais, ou seja, se o profissional compactua e introjeta a filosofia da empresa como uma verdade, ele passa a ser o próprio espelho da mesma.
Percebe-se que em todos os momentos, o personagem refere-se à empresa como sendo ele mesmo a figura da instituição.
A cena analisada é a qual o personagem principal questiona à jornalista o motivo de ter exposto detalhes, que de forma subjetiva, ele havia se negado a dizer.
Na verdade, ele em nenhum momento detalha o que não autorizaria ser divulgado, apenas desliga o gravador ao confessar que defende a empresa, pois tem ‘contas a pagar´
A pergunta fica no ar o tempo todo em Obrigado por Fumar (Thank you for smoking, 2005). O personagem principal, o lobista Nick Naylor (Aaron Eckhart), acredita que sim. Na democracia do consumo, afinal, ninguém força ninguém a comprar nada. Acontece que os fatos - e os seus próprios atos - desmentem Nick Naylor. O lance é saber se ele está sendo sincero, ingênuo ou terrivelmente irônico.
Aí é que está. Que liberdade de escolha é essa, quando vivemos soterrados num consumismo cada vez mais dissimulado? Há um diálogo primoroso na metade do filme que ilustra um pouco a situação.