Filipe
O que quer isto dizer? Muito simplesmente que bem e mal não são para Maquiavel, conceitos vazios de sentido. Sem dúvida que no seu entender o sucesso é o primeiro e fundamental
Critério de avaliação da atividade política (o que não quer dizer que é o único). Trata-se simplesmente de avaliar a ação política em termos políticos.
A"boa política" é antes de mais aquela que atinge o seu objetivo mas não tem, para isso, de ser uma política moralmente boa ou edificante, virtuosa. O sucesso político não transforma um mal num bem: um crime, mesmo que útil em termos políticos, continua a ser um crime. Só que há que saber distinguir os planos e ver que há atos moralmente reprováveis que são úteis e até necessários em termos de política (de governo e de condução dos negócios internos e externos).
Acredita na humanidade, na fidelidade e na honestidade'. Isto, o indivíduo privado pode dizê-lo: irá causar a sua perda mas só isso; o príncipe (o governante, o homem de Estado) não o pode dizer, porque não será só ele a perder-se, não será só ele a fracassar. Se quiser acreditar na humanidade, que o faça nos seus assuntos privados: se, nesse plano, se enganar, o problema será só dele. Mas que não exponha a sua nação fiando-se numa tal crença, porque não é justo que a sua nação, e com ela talvez outros povos, e com eles talvez os bens mais nobres que a humanidade adquiriu numa árdua luta de milênios, sejam postas em perigo unicamente para que o príncipe possa dizer de si mesmo que acreditou na humanidade."
Tal é a lição de O Príncipe: política e moral são dois universos distintos.
Maquiavel não é um imoralista. A força não é portadora de nenhum valor moral superior. Só que, em política, é ela que decide, ao passo que a