fichamento

A leitura e (pretensiosamente) um linguista receoso
Tratar de um tema multiface, como é o caso da leitura, é sempre um risco. (...) ou bem o especialista restringe-se ao ponto de vista de sua disciplina, excluindo outros em nome da conveniência de limitar a questão, ou bem “corre a solta na multidisciplinaridade e cai numa deriva ... para tudo dizer, tudo descrever, ser especialista em tudo e nada a dizer” (Fali, 1988:74).
Enveredando pelo primeiro caminho, (...) não se poderá negar que no mínimo quatro níveis de estudos estritamente linguísticos deverão ser levados em consideração; do léxico, do enunciado, do texto e do intertexto.

O campo do léxico: (...) não há como negar que é no texto enunciado que se marcam os processos de enunciações e é nele, portanto, que o leitor encontra chaves, orientações, para ressituar o texto na história de sua produção. O léxico não é neutro (...) não raro, pelo uso de certos termos, dar ao texto uma certa configuração e um certo tipo de ancoragem institucional.
(...) reconhece-se que o significado efetivo da expressão depende do contexto de seu emprego. (...)adaptação ou formulação de hipóteses, o que nos mostra que desde esse nível, talvez o menos significativo, no ato de ler se produzem significações.

O campo do enunciado: se aceitarmos que a frase é uma relação de predicação independente de contexto, de situação, e que o enunciado é uma relação predicativa, determinada, localizada numa situação, é o enunciado que importa mais para a leitura.
(...) é através do enunciado que o enunciador oferece ao outro as coordenadas com as quais este buscará estabelecer uma relação entre o objeto físico (que é o enunciado) e o acontecimento representado por ele.

O campo do texto: (...) o tema ou objeto e as representações que sucessivamente sobre este o enunciador vai fazendo asseguram-lhe uma certa configuração, de tal modo que a “enunciação de uma preposição (= enunciado) não é um ato de enunciação de uma preposição isolada,