Fichamento
“Quanto à etnologia amazônica, vou fazer o que habitualmente se faz ante plateias para as quais esse assunto é mais ou menos arcano – que são a maior parte das plateias. Isto é, um panorama parcial do estado da arte, me referindo a algumas das suas tendências atuais, à luz da minha própria experiência como pesquisador e como orientador de pesquisadores. Quanto à epistemologia, esboçarei um manifesto em prol de um certo fundamentalismo etnográfico.” ( O texto não possui paginas)
“É claro que, ainda chegando em bom tempo, com os mais velhos do lugar em boa saúde e com boa memória, o perigo de fracasso ainda existia, e o bom método podia evitá-lo, garantindo uma coleta exaustiva e objetiva. Passando para o título que de fato a minha conferência assumiu, poderíamos dizer que a época de Veiga de Oliveira era a época em que o objeto estava ali, a nos esperar, e não esperaria para sempre. Agora, como sabemos, o objeto não está mais ali, deve ser cozinhado na hora a quatro mãos entre antropólogo e nativo, e de acordo com as normas culinárias do lugar e do momento.”
“Mas na etnologia brasileira há sim, apesar disso tudo, uma espécie de objeto permanente. Não me parece adequado chamá-lo de primitivista, porque tudo o que acabei de explicar acima o esvazia de sua substância primitivista, e talvez não seja assim tão necessário procurar um nome para ele. Basta descrever como ele se manifesta.”
“Nesse pólo encontramos uma outra vertente da etnologia brasileira atual, com certeza a mais conhecida fora do Brasil: a dos trabalhos de Eduardo Viveiros de Castro dedicados ao perspectivismo ou ao canibalismo ameríndios. A mudança do conceito titular não deve ocultar que trata-se sempre de um mesmo movimento, em direção a uma etnoepistemologia em que o sujeito é dado e o objeto é construído, e em que o ser é apenas o caso limite do devir.”
“Os projetos, melhores ou piores, abrem o caminho para o trabalho de campo, e a