fichamento
A alfabetização por meio de textos, que dispensa a memorização de famílias silábicas, não é e nem pode ser considerada um modismo ou uma aventura: é um trabalho pedagógico sério, necessário e difícil, que exige uma formação específica dos professores. Se as escolas de formação inicial não os habilitaram para essa tarefa, terão que desenvolver competência para realizá-la em serviço. Ou então, só lhes sobrará a alternativa de tentar, sem sucesso, alfabetizar os alunos forçando-os a decorar as famílias silábicas.
Pode ver nas últimas duas décadas, a partir das pesquisas científicas sobre como se aprende a ler e escrever, é que a alfabetização é um processo de construção de hipóteses sobre o funcionamento e as regras de geração do sistema alfabético de escrita; que esse não é um conteúdo simples, mas, ao contrário, extremamente complexo, que demanda procedimentos de análise também complexos por parte de quem aprende; que, como já se pode constatar desde então, por trás da mão que escreve e do olho que vê, existe um ser humano que pensa e, por isso, alfabetiza-se.
Para aprender a ser solidário, a trabalhar em grupo, a respeitar o outro, a preservar o meio ambiente, é preciso vivenciar situações exemplares em que esses conteúdos representam valores. Não adianta memorizar a informação que é preciso ser solidário, respeitar os outros, cuidar da natureza... Isso não basta para aprender o valor e a necessidade dessas atitudes. preciso de um processo sistemático de reflexão sobre suas características e sobre o seu funcionamento. Quer dizer, para alfabetizar-se, o indivíduo tem que aprender a refletir sobre a escrita (um procedimento complexo, que, para ser desenvolvido, depende de exercitação frequente) e tem que compreender o funcionamento do sistema alfabético de escrita (um conteúdo