Fichamento
Trabalhos de vertente psicanalítica, sociológica, pedagógica têm mostrado que a literatura para crianças não é tão inócua assim, e que há algo de sério no reino encantado das histórias infantis. (p. 8)
Vive-se, nesta década de 80, no Brasil, o boom da literatura infantil, manifestado através de uma venda sem precedentes de livros para criança, na proliferação de associações voltadas ao incentivo da leitura infantil, no surto de encontros, seminários e congressos a respeito do assunto e na inclusão de cursos de literatura infantil na programação das universidades. O fenômeno, naturalmente, não é gratuito, alguns fatores agiram de forma determinante sobre ele. (p.11)
A escola é lugar de consagração do status quo, sua vocação é acentuadamente conservadora, pois incumbe-se de garantir a permanência do que já está estabelecido. A literatura, por sua vez, propicia uma reorganização das percepções do mundo e, desse modo, possibilita uma nova ordenação das experiências existenciais da criança. A convivência com textos literários provoca a formação de novos padrões e do desenvolvimento de senso crítico. (p.18/19)
Não foi, contudo, movida por essa preocupação que a escola, inicialmente, voltou-se à literatura infantil. A educação formal voltou-se ao texto infantil despertada por interesses mais imediatos. Sendo inegável o abalo do ensino da língua portuguesa, a literatura infantil passou a ser vista como instrumento de uma possível expansão do escasso domínio lingüístico dos alunos, um ato de fé no slogan “quem lê, sabe escrever”. (p.19)
Se adquirindo o hábito da leitura, a criança passa a escrever melhor e a dispor de um repertório mais amplo de informações, a principal função que a literatura cumpre junto a seu leitor é a apresentação de novas possibilidades existenciais, sociais, políticas e educacionais. É nessa dimensão que ela se constitui em