Fichamento "Grafia das coisas, grafias de vidas"
MARQUES, Reinaldo. Grafias de coisas, grafias de vidas. In: MARQUES, Reinaldo; SOUZA, Eneida Maria de. (Org.) Modernidades alternativas na América Latina. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
Grafias de coisas, Grafias de vidas
Ponto de partida: Caderno fotocopiado de Guimarães Rosa pertencente ao acervo de Henriqueta Lisboa (Acervo de Escritores Mineiros - UFMG), nele encontram-se registros feitos na Alemanha entre 1938 e 1942, (quando trabalhou como cônsul) com temáticas que variam de listas de temperos a comentários sobre livros e apresentações teatrais.
Leitura e escrita como coleção
- Heterogeneidade: Elaborado a partir de colagens (recortes de jornais, convites, anúncios, folheto de óperas, etc.), de teor multilíngue (textos e expressões em diferentes idiomas), diversidade de registros (relatórios de despesas, roteiros de viagens, esboço de poemas, listas de livros, descrições da paisagem, registros de anedotas, etc.)
- Coleção: Sánchez (1999): "Poética do colecionismo (...) em que ler e escrever constituem formas de colecionar e o escritor assemelha-se a um colecionador." (p. 329), pois a redação de um livro pressupõe a coleta de dados e materiais e a associação entre eles estabelece vínculo entre coleção e cognição. Neste sentido,o livro ainda transcende a coleção devido ao tratamento de articulação de dados, não sendo fragmentário, mas dotado de coerência e organicidade.
- Para Marques essa conclusão é discutível por levar a mistificação do livro, desconsiderando "a natureza variada dos materiais de que são feitas as diversas instâncias que interferem na sua composição e publicação." (p.329).
- Caderno de notas como testemunho do trabalho de pesquisa do autor, elaborado em práticas de colecionador: "seleciona, recolhe, recorta, cola, combina, classifica, ordena, conserva elementos linguísticos e culturais heteróclitos." (p. 329) e ao montar sua coleção, o autor singulariza-os dotando-os de valores suplementares.
- Ainda sobre a