Fichamento de Foucault - A prosa de Acteão - in DE3

A prosa de Acteão – Foucault de3
Klossowiski reata com uma experiência há muito tempo perdida, abrindo mão do rito tradicional que empurra para o exterior aquilo que nos pareceria estranho, que expurga o Outro, o escritor homenageado pensa o demônio como o Mesmo, uma outra parte do duplo.
O ocidente negou a gnose (orientação espiritual voltada para o lado racional das coisas, do universo, vem do grego e significa conhecimento que se opõe a ignorância - ágonis) tendo dela curiosamente algum traço. Se o diabo não fosse um elemento de cisão, que proclamasse um corte (com as várias implicações desse termo), mas que afirmasse o duplo, e não um antagonismo entre o uno e seu Outro. O Duplo antes de afirmar, ele nega a dialética.
A tentação residiria em colocar a tentação no lugar do indiscernível, naquilo que não conhecemos ou tocamos, a demonologia é orientada, animada e multiplicada por essa tentação – que é necessariamente do ser crente – de crer também no diabo.
“O simulacro se dá na fuga da extrema proximidade e não na irrupção insistente do outro mundo” (FOUCAULT, p. 112)
Pois que o Diabo se manifesta não somente nas feiticeiras, mas também nos corpos de seus carrascos.
A tese cartesiana da III Meditação pôs um ponto final no barulho que faziam os simulacros numa cultura que deveria ter bem nítido, clara e distintamente, as fronteiras entre o bem e o mal.
[na terceira Meditação, Descartes, disposto a provar a existência de Deus, e controverter a idéia hipotética de gênio maligno em sua argumentação. Após passar pela busca da idéia de perfeição e por um exame desta e da idéia de causalidade, Descartes afinal conclui que deve haver mais causa – a causa eficiente tem que ter no mínimo tanta realidade quanto seu efeito – que efeito, concluindo então pela existência de Deus, e negando a idéia de gênio maligno.]

O retorno dos deuses e o eterno retorno – ver o eterno retorno como algo divino, ao invés de demoníaco.
A linguagem de Klossowski se faz nos meandros