Fichamento de "epistemologia naturalizada", de quine
Os estudos dos fundamentos da matemática bifurcam-se de acordo com dois aspectos: o conceitual, que trata do significado, da definição de um conceito ou um enunciado em termos de outro conceito ou enunciado; e o aspecto doutrinal, que trata da verdade de um conceito ou enunciado, estabelecendo leis e provando umas à base das outras. Essa bifurcação aplica-se também à ciência natural. Em um primeiro momento, com Hume, os corpos são identificados diretamente às impressões sensoriais, e é assim que se dá o primeiro avanço do lado conceitual. No entanto, essa construção sobre impressões não garante a certeza de enunciados gerais ou singulares sobre o futuro e, por isso, o aspecto doutrinal não é satisfeito. Do lado conceitual, ainda houve progresso com a definição contextual – que consistia em traduzir todas as sentenças em que o termo que se busca definir pudesse ser usado – e com as teorias dos conjuntos. Do lado doutrinal, entretanto, havia um impasse: a tentativa de fundamentar a ciência natural sobre a experiência imediata foi desacreditada e a busca da certeza cartesiana se mostrou ineficiente. Carnap ainda buscou traduzir as sentenças sobre o mundo em termos de observação acrescidos de lógica e teoria dos conjuntos, mas traduzi-los assim não implica prová-los nos mesmos termos. Era desejável que se pudesse traduzir a ciência em lógica, termos observacionais e teoria dos conjuntos. A reconstrução racional esboçada por Carnap se não possibilitaria essa tradução redutiva e, portanto, não apresentava vantagem em relação à psicologia. Esta, no entanto, seria acusada de circularidade caso assumisse responsabilidades epistemológicas: seria uma ciência empírica usada para validar fundamentas dela mesma. Apesar disso, duas teses do empirismo contavam a favor do uso epistemológico da psicologia: toda a evidência da qual a ciência dispõe é sensorial; e o processo de atribuir significado repousa na evidência