Fichamento - crepúsculo antropológico
Um olhar pelo retrovisor: Reflexões antropólogas acerca das teorias do bom e mau selvagens.
As diferenças sociais percebidas no contato com culturas distantes, sempre foram tidas pelos homens com incógnitas. Ao longo dos séculos, podemos encontrar muitos escritos que registram esseq1a ignoto, entre eles, relatos de viajantes, todos se atendo à tentativa de explicar a diversidade existente.
A antropologia social lutou para alcançar o lugar que hoje, lhe é peculiar, o de ciência da1o homem e sua diversidade. Esta ciência busca perceber as diferenças culturais não apenas como curiosidades, mas procura sobretudo entendê-las a partir das logicas culturais construídas que lhe são peculiares.
Hoje, a ciência da relativização estuda as culturas sem procurar traçar caminhos para a evolução de cada sociedade estudada, antes, ela procura refletir sobre o seu próprio olhar, e sobretudo sobre os olhares de seus precursores e dos primeiros antropólogos.
Em Busca da Essência Natural Humana
Para encontrar essa essência, segundo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), seria necessário despojar o homem de tudo aquilo que era atributo da sociedade e vislumbrá-lo em seu estado de natureza mais singelo. Nesse estado primitivo seria possível encontrar a essência de um ser movido apenas pelas necessidades físicas naturais e tudo que necessitava lhe era garantido pela própria natureza. Ele não teria grandes preocupações, a sua única inquietação estaria no fato de garantir sua sobrevivência.
As diferenças não criavam empecilhos à vida, pois cada homem estaria mais preocupado em defender-se do mal que lhe tinha sido do que fazê-lo a outro. (cf. Idem, 1988:59). Já Thomas Hobbes (1588-1678), no estado de natureza do “Leviatã”, os homens seriam iguais nos desejos e amores aquilo que possuíam; sentiriam-se melhor do que outros, e nisso todos seriam iguais;