Ficha de Leitura do Livro "Até que Ponto, de Fato, nos comunicamos? de Ciro Marcondes Filho
MARCONDES FILHO, Ciro. Até que ponto, de fato, nos comunicamos? São Paulo: Paulus, 2007.
1. Introdução
“Viver é estar comunicando, emitindo sinais, demonstrando participar do mundo.
E, no entanto, apesar dessa presença em toda parte, apesar do excesso de comunicação e, talvez mesmo, por causa dele, as pessoas continuam a achar que não há compartilhamento, que não há troca, que é difícil passar ao outro o que a gente sente, como a gente sente, as coisas que estão dentro da gente.” (pag.7)
“Há algo de errado no mundo das comunicações. […] Tudo à nossa disposição para que possamos comunicar, mas não nos comunicamos. Ou, então, fingimos comunicar, aceitamos que uma troca de mensagens por computador já é um diálogo, que o fato de transmitirmos nossa cara por câmera fotográfica doméstica é estar junto com o outro.
Em verdade, a sociedade da comunicação é uma sociedade em que a comunicação real vai ficando cada vez mais rara, remota, difícil e vive-se na ilusão da comunicação, na encenação de uma comunicação que, de fato, jamais se realiza em sua plenitude.” (Pag.8)
“Essa comunidade de mudos, surdos e cegos, de pessoas que nada vêem, mas que tampouco são vistas, é a sociedade industrial moderna em que nós, uns mais, outros menos, estamos todos envolvidos.” (Pag.9)
2. A comunicação, a paixão e o ser humano
“[...] a reciprocidade não é a verdade do amor, mas uma miragem, um mal-entendido. […] não existem corações em sintonia (não existe comunicação)[...] a paixão só se manifesta em estados de solidão e […] quando esta se desfaz, desfaz-se também, junto com ela, a paixão.” (Pag.11)
“[...] a paixão se nutre mais do mistério do que do seu desvelamento. […] todo relacionamento emocional é precedido por registros e imagens vindos da realidade, mas isso logo cria registros e imagens próprios. A pessoa idealizada, quer dizer, o objeto que surge da paixão e nele flutua[...] é naturalmente diferente do objeto palpável a que ela se apega