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Três Visões sobre o processo educacional no século XX
CREIO QUE VIMOS ACIMA OS FUNDAMENTOS mais básicos da teoria sociológica e o modo pelo qual eles resultaram em concepções analíticas diferentes a propósito do processo educacional, ou, ainda, resultaram em proposições a respeito de como tal processo deveria ser, conforme as finalidades a que os autores se propunham. Neste breve capítulo, gostaria de mencionar, ainda que de forma muito resumida, três contribuições importantes do século XX à análise sociológica em geral e à sociologia da educação em particular. A primeira é a do sociólogo francês Pierre Bourdieu, que retoma o ponto de vista durkheimiano e o mescla a outras vertentes intelectuais com o objetivo de demonstrar o peso do "sistema" sobre as práticas educacionais. A segunda é a do líder comunista e intelectual italiano Antônio Gramsci, que, a partir do marxismo, nos ajuda a pensar as características da luta pelo poder nas sociedades contemporâneas e, também, o quanto a Educação está relacionada a essa luta. E finalmente a do sociólogo húngaro Karl Manheim, que aqui mencionaremos apenas viés de sua retomada da análise weberiana da proposta de um modelo educacional que incorpore as diferentes pedagogias que
Weber identifica.
Bourdieu e os Esquemas Reprodutores
O pensamento de Durkheim serviu de base e ofereceu os métodos fundamentais para a construção de uma sociologia da educação muito influente ao longo do século XX. Um dos mais importantes sociólogos a analisar a educação contemporânea sob a influência do modelo de Durkheim é o também francês Pierre Bourdieu. Para levar a cabo a ambição de Durkheim de unificar as ciências humanas em torno da sociologia, Bourdieu introduziu uma síntese teórica entre o modelo durkheimiano e o estruturalismo. O estruturalismo se conecta à sociologia de Durkheim na medida em que pretende desvendar justamente o peso das estruturas sociais por trás das ações dos sujeitos. Na