Feudalismo
As origens estruturais do sistema feudal estão relacionadas à vagarosa desagregação do sistema escravista e a da absorção de instituições econômicas e jurídico-políticas das sociedades romana (com dominante escravista) e germânica (comunitarismo primitivo em processo de deteriorização), entre os séculos IV e X. Entre essas instituições, podemos aludir o Benefício, o Colonato e o Patronato romanos, e o Comitatus e a noção de Realeza germânicos. Acerca do tema aventado acima temos, por exemplo, a opinião de Perry Anderson: “A síntese histórica que naturalmente ocorreu foi o feudalismo. O termo preciso – síntese – é de Marx, junto com os de outros historiadores de seu tempo. A catastrófica colisão dos dois modos anteriores de produção em dissolução – o primitivo e o antigo – produziu a ordem feudal que se disseminou por toda Europa Medieval. Já estava evidente para os pensadores do renascimento, quando esta gênese foi debatida pela primeira vez, que o feudalismo ocidental era resultado específico de uma fusão dos legados romano e germânico” (ANDERSON, 2000, p. 121). Examinemos resumidamente as principais instituições econômicas e jurídico-políticas das sociedades romana e germânica: Benefício: doação geralmente de terras, feita por um indivíduo a outro como recompensa por serviços prestados (em geral, militares). Colonato: instituição pela qual um homem livre ficava preso à terra que cultivava para um grande proprietário. Patronato: também conhecido como Patrocínio, relação de dependência entre um indivíduo e seu Patrono, que lhe concedia proteção. Comitatus: grupo formado por guerreiros e seu chefe, havendo entre eles obrigações e lealdade. Vejamos o que afirmou um dos mais destacados medievalistas brasileiros acerca, por exemplo, do regime de Colonato: “Por este [regime de Colonato], a terra ficava dividida em duas partes: a reserva senhorial e os lotes camponeses. Estes lotes eram entregues a indivíduos em troca de uma parcela do que