feudalismo

Uma Democracia Secular
A eleição presidencial da última semana destacou como foram bem sucedidos dez anos de transformações da Indonésia de um estado autoritário para a democracia. Embora haja algumas denúncias sobre irregularidades, a população reconhece que o voto foi secreto e os resultados legítimos.
Antes de o governo Obama enviar uma mensagem de congratulações para o Presidente Susilo Bambang Yudhoyono, entretanto, poderia mudar o uso da linguagem. Ultimamente, uma nota inoportuna começou a ser percebida no discurso americano com relação àquele país. Em sua primeira viagem ao exterior, como secretária de Estado, este ano, Hillary Clinton referiu-se à Indonésia como “Nação Muculmana” e até elogiou o país por demonstrar que o “Islã, a democracia e a modernidade” podem caminhar de mãos dadas. Em junho, ela disse que a Indonésia poderia ser uma “boa parceira no esforço americano de alcançar o “mundo muçulmano.” Em maio, em uma coletiva, o Secretário Robert Gibbs chamou Indonésia de “país muçulmano”.
Os Estados-Unidos – especialmente o Presidente Barack Obama, que passou quatro anos de sua infância por lá – deveria saber melhor. Tal linguagem pode até soar afável. Mas a Indonésia não é um Estado Muçulmano mais do que a Grã Bretanha é um país protestante. A Indonésia é uma nação secular e possui 190 milhões de cidadãos muçulmanos. E o seu abraço de democracia não tem nada a ver com religião.
Se há alguém que deve entender bem isso é Obama. Durante o seu discurso no Cairo, mês passado, ele disse que ainda podia ouvir durante o seu período em Jakarta, “o chamado de Azan ao raiar do dia e ao cair do crepúsculo.” Um estudante aguçado de política, Obama deve saber que enquanto os indonésios rejeitaram entusiasticamente os vestígios de sua ditadura anterior, eles têm mantido um pilar do regime do homem forte, Presidente Suharto: pancasila , a ideologia nacionalista do país, que obriga a um tratamento igual todas as religiões do país e os grupos sociais.
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