Fenomenos Economicos
Embora a psicanálise estude preferencialmente os fenómenos psíquicos manifestados na experiência emocional observada na prática clínica, desde Freud encontramos referências a questões sociais mais amplas (FREUD, 1921, 1927, 1930/1976). Com relação à economia propriamente dita, o autor já fazia, em 1933/1976, uma instigante afirmação:
"O fato inquestionável de que indivíduos, raças e nações diferentes se conduzem de forma diferente, sob as mesmas condições económicas, por si só é bastante para mostrar que os motivos económicos não são os únicos factores dominantes. É completamente incompreensível como os factores psicológicos podem ser desprezados, ali onde o que está em questão são as reacções dos seres humanos vivos; pois não só essas reacções concorreram para o estabelecimento das condições económicas, mas até mesmo apenas sob o domínio dessas condições é que os homens conseguem pôr em execução seus impulsos instituais originais — seu instinto de auto preservação, sua agressividade, sua necessidade de serem amados, sua tendência a obter prazer e evitar desprazer." (p.216)
A janela epistemológica representada por um exame dos principais eventos políticos e económicos entre Abril de 2002 e Maio de 2003, com a ajuda de ideias de Freud, Klein e Bion, pode oferecer uma oportunidade para iluminar de maneira especial fenómenos que ocorrem na fronteira entre o campo psíquico e a economia. Embora este estudo não pretenda se filiar à Economia em senso estrito, é nosso objectivo oferecer uma contribuição à discussão de temas relevantes dessa área, a partir de um vértice psicanalítico, partindo-se da hipótese de que fenómenos económicos podem ser estudados de maneira mais completa quando examinados por um ângulo que considera o mundo mental de todos os envolvidos.
Metodologicamente,2 foram adoptadas as seguintes etapas para a realização deste trabalho: colecta de manchetes do jornal O Estado de S. Paulo3 sobre resultados de pesquisas eleitorais, avaliações e