Fascismo, segundo Michel Foucalt

O fascismo cotidiano I – Introdução Por meio deste trabalho propomos um olhar conceitual sobre o fascismo cotidiano sob a definição foucaultiana. Esta reflexão tem como foco identificar como o objeto se impregna intrinsicamente ao comportamento cotidiano e se expande nas relações sociais. Desta forma, recorreremos a dois autores para exemplificarmos algumas “verdades” que ajustam a individualidade a estruturas preexistentes; apontando uma pseudoliberdade que o sujeito acredita ter. Para o filósofo, a dinâmica do comportamento fascista se dá pela distribuição do poder no âmago da população, refutando a ideia de que o poder provém apenas do Estado e das instituições, e, assim, somos convidados a desviar nosso olhar dos aparelhos de poder e redirecioná-lo para o vulgar, ou seja, tudo aquilo que se constrói mediante atos corriqueiros, na construção das relações mais próximas e significativas, na intimidade do lar, tentando perceber-nos não apenas como coadjuvantes, mas também, como protagonistas de variadas conjunturas fascistas.

II – Descrição do objeto Quando se fala em fascismo, logo somos remetidos às ditaduras que despontaram na primeira metade do século XX, capitaneadas por Mussolini, Hitler, Franco e Stalin. Porém o objeto tratado se refere às violentas formas de estigmatizações e exclusões cotidianas, que nos são apresentadas desde a infância, tidas como “verdades”, tratadas como únicas e universais, que desqualificam tudo aquilo que não se coadune ao seu modelo. Para Foucault, o poder é conferido a cada sujeito, autorizando-o a “punir” e “vigiar” todo aquele que se desvia do discurso social homogêneo, entendendo que o fascismo “está em todos nós, que se acossa de nossos espíritos e nossas condutas cotidianas, o fascismo que nos faz amar o poder, desejar essa coisa que nos domina e explora.” (FOUCAULT, 1994, p.134). Assim, somos incentivados a tentar perceber como se dão as