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A medida que o indivíduo busca maior consciência sobre si e sobre a sociedade em geral, ele tem maior probabilidade de perceber as situações e de relacionar questões sociais. Parece que nos faz ter sentido que a formação profissional no Brasil estrutura-se a partir das noções de competência para empregabilidade e de empreendedorismo. Tais discursos atenderiam aos interesses do capital num duplo sentido: em primeiro lugar levariam àqueles trabalhadores melhor qualificados a se especializarem cada vez mais de forma que atendessem às exigências postas pela reestruturação da produção. Em segundo lugar, faria com que aquelas pessoas excluídas do mercado de trabalho se conformassem, ou melhor, se culpassem, pela sua não inserção ao mercado sendo esses estimulados, através de diversas iniciativas a exercerem atividades informais/ empreendedoras. Neste sentido, é importante deixar claro que o trabalho formal não é melhor do que o trabalho informal, ou vice-versa. De acordo com Machado da Silva (2002: 105), as representações do trabalho auto- gerido ainda “assusta e repele” porém, ainda segundo o autor, “parece que a adesão (ao trabalho empreendedor) tende a se ampliar, inclusive porque as condições do trabalho assalariado convencional se deteriora a olhos vistos”. O presente estudo parece confirmar essa tendência revelando que, como demonstra Martins (1996), as representações estão permeadas por continuidades e rupturas. Dessa forma, observamos uma “mistura” nas construções argumentativas, que ao mesmo tempo que exaltam, rejeitam a idéia de um trabalho informal/empreendedor. Parece-nos que essa relação é pensada da seguinte forma: O adolescente/jovem faz o curso com o objetivo de qualificar-se suficientemente para se inserir no mercado formal (sem saber o porquê). Mas caso não consiga, pode montar o meu próprio negócio.