Falha Epistemossomática

370 palavras 2 páginas
Formado em medicina, Jacques Lacan foi um psicanalista francês que viveu no século XX.

Curiosamente, a psicanálise surgiu na mesma época, em que a medicina se tornou ciência, o que se deu justamente a partir da descoberta do corpo, ou seja da introdução do método anátomo-clínico. Freud subverteu no entanto a noção de corpo anátomo-fisiológico, descrevendo o corpo da psicanálise que vai muito além do corpo médico, opondo a este último, uma ‘metaanatomia’, a anatomia fantasmática e o corpo do fantasma. Desde o momento em que se tornou ciência, a distância entre sujeito e corpo foi aumentando progressivamente no exercício da medicina que antes era dominado pela subjetividade. A medicina passou a ocupar-se exclusivamente do corpo, e mesmo as questões mais subjetivas do ser passaram a ser objetivadas em algum ponto do organismo. A alma, a mente, não fazia mais parte do saber médico, só teria interesse se pudesse ser situada em alguma circunvolução cerebral ou alguma substância química. Ele comenta em seu texto Psicanálise e Medicina que quanto mais a ciência avança, mais objetivadas se tornam as causas das doenças e quando isso acontece, exclui a dimensão do desejo e do gozo. Lacan contribui com sua noção de falha no contexto do progresso científico sobre a relação da medicina com o corpo. Não concordando com a ideia de manter o traço divisório entre pensamento e corpo, ele chama de falha epistemossomática, chamada assim para colocar uma divisão entre o saber científico e o ser, a falha que está entre o corpo e o organismo desejante e gozoso. Isso significa que nem sempre o que se demanda seja o que o paciente realmente quer. Com essa expressão Lacan nos leva a uma relação do ser com um seu corpo, rejeitando o modelo divisório entre essas duas dimensões, quando existe uma lesão e o próprio sujeito não a relaciona com seu desejo, não tendo valor simbólico e por consequência disso não apresente nenhum interesse sobre ela. Isso leva o sujeito a ficar alienado no

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